Ascensão do Maciço
O maciço de Sintra é um dos aspectos geológicos mais importantes na caracterização de Lisboa.
A instalação deste maciço ocorreu durante o Cretácico Superior (de 82 a 75 Ma, aproximadamente) na bacia Lusitânia (margem oeste da Península Ibérica). Teve como influência indirecta, a formação de uma estrutura em domo (resultante da deformação de rochas sedimentares) de forma elíptica, alongada na direcção Este – Oeste, com 10 km de comprimento e 5 km de largura.
Este, é visível à superfície, no sector meridional da Bacia Lusitânia, encaixado numa sequência sedimentar marinha, contínua desde o Oxfordiano (andar do Jurássico superior) ao Cenomaniano (andar do Cretácio superior) e rodeado por depósitos continentais descontínuos, com uma idade equivalente ao Oligocénico (época do período Paleogeno, que por sua vez pertence ao Cenozóico). As rochas mesozóicas pré-existentes, foram deformadas devido a uma intrusão magmática, formando uma dobra sinclinal.
As inversões tectónicas que provocaram o levantamento e o encurtamento da Bacia Lusitânia afectaram a região de Sintra da seguinte maneira (Fig. 3):
- A cobertura sedimentar da intrusão foi erodida na base, (como se pode verificar nos depósitos continentais que contêm clastos da cobertura sedimentar) e no topo.
- A dobra sinclinal foi encurtada e o seu flanco norte invertido. O início da exposição das rochas ígneas intrusivas, assim como o encurtamento verificado na região, não podem ser datados com precisão, visto que os depósitos continentais são azóicos (terrenos ou rochas de eras primitivas, nos quais não se encontram nem fósseis nem
vestígios de animais) e não há afloramentos do Neogénico (período da era Cenozóica) com idade bem definida na vizinhança da intrusão.
O complexo ígneo de Sintra é formado por dois maciços concêntricos e uma diversa rede de filões associados, de diferentes composições e orientações. O maciço exterior é granítico, e tem uma idade aproximada de 82 Ma. O maciço interno é constituído por uma sequência de rochas resultantes de cristalização fraccionada que incluem gabros, dioritos e sienitos.
Em relação à origem do magma, as interpretações mais recentes afirmam que o maciço interno de Sintra se formou no manto, tendo ocorrido pouca contaminação crustal nas rochas não graníticas.
Qualquer que tenha sido a génese das diversas rochas do maciço, o seu conjunto forneceu à sedimentação das zonas baixas não só os clastos grosseiros, mas também detritos da classe granulométrica das areias e material argiloso resultante da sua decomposição.
Fig. 3 - Formação e Ascenção do Maçico.